Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Uma pergunta que poderíamos fazer nessa relação com a ceia do Senhor é: "Por que existem dois elementos (pão e vinho) nesse sacramento, quando há somente um (água) no sacramento do batismo?" Essa é uma pergunta muito significante até onde diz respeito o significado da ceia do Senhor.
Se estudarmos a Escritura, descobriremos que o pão simboliza as necessidades básicas da vida. Por essa razão, referimo-nos comumente ao pão como "o sustento da vida" e oramos pelo nosso "pão diário" na oração do Senhor, através do que oramos por todas as nossas necessidades terrenas. O pão da ceia do Senhor, portanto, retrata o sacrifício de Cristo como a necessidade absoluta para a nossa vida espiritual. Assim como não podemos viver sem o "pão diário," não podemos viver sem Cristo, o pão da vida.
Mas por que o vinho?
O vinho na Escritura simboliza luxúria, abundância, gordura, prosperidade, alegria, satisfação e banquete (Dt. 28:51; Sl. 104:15; Is. 55:1; Joel 3:18). Ele representa aquilo que está acima e além das necessidades da vida, que torna a vida mais que mera existência, que dá satisfação e regozijo.
O vinho da ceia do Senhor, portanto, simboliza o fato que Cristo não é apenas a necessidade básica da nossa vida espiritual, mas a gordura, prosperidade e alegria dela também. Ou, para colocar de uma forma diferente, o vinho nos lembra que Deus em Cristo nos dá o que precisamos, mas além disso, sempre nos dá "muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos" (Ef. 3:20). Deus é deveras rico em misericórdia e cheio de bondade para com o seu povo.
Esses dois elementos da ceia do Senhor, tomados juntos, nos lembram uma vez mais que Cristo é tudo. O testemunho principal da ceia do Senhor é que Cristo é o Alfa e o Omega da nossa salvação; que não temos nada sem ele, e com ele temos tudo; e que ele e somente ele é digno do nosso desejo, amor e serviço.
Que nós possamos, ao desfrutar do dom de Deus da ceia do Senhor, buscá-lo com coração íntegro e gozá-lo em toda a sua plenitude, não confiando em nós mesmos nem buscando algo além dele, mas nos alimentando de sua plenitude e sendo revigorados pela sua graça, desfrutando uma prova daquilo que teremos quando finalmente deixarmos essa vida e nos encontrarmos com ele na morada que preparou para nós, na casa do Pai.
Fonte: Doctrine According to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 278-279.
1E-mail para contato: felipe@monergismo.com. Traduzido em dezembro/2007.
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