João Calvino
Se nos tempos de Paulo um abuso vulgar da Ceia pôde provocar a ira de Deus contra os coríntios, de maneira a os ter punido tão severamente, que devemos nós pensar quanto ao estado das coisas hoje em dia? Nós vemos, em toda a extensão do papado, não apenas desagradáveis profanações da Ceia, mas até uma abominação sacrilégia colocada no seu lugar.
Em primeiro lugar, está prostituída ao lucro imundo (I Timóteo 3:8) e comércio.
Em segundo lugar, está coxa, ao tirarem o uso da taça.
Em terceiro lugar, é alterada para outro aspecto, ao se ter tornado costume de alguém participar da sua própria celebração separadamente, paricipação sendo feita longe.
Em quarto lugar, não há lá nenhuma explicação do significado do sacramento, mas um balbuciar que combina melhor com um encantamento mágico ou os sacrifícios detestáveis dos gentios, do que com a instituição do nosso Senhor.
Em quinto lugar, há um infindável número de cerimónias, abundando umas partes com insignificâncias, outras com supertições e consequentemente poluições manifestas.
Em sexto lugar, há a invenção diabólica do sacrifício, que contém uma ímpia blasfémia contra a morte de Cristo.
Em sétimo lugar, está feita para intoxicar o homem miserável com confiança carnal, enquanto apresentam-no a Deus como se fosse uma expiação, e pensam que por este charme eles desviam todas as coisas danosas, e isso sem fé nem arrependimento. E ainda, enquanto confiam que estão armados contra o diabo e a morte, e estão fortificados contra Deus por uma sólida defesa, eles se entregam ao pecado com maior liberdade e tornam-se obstinados.
Em oitavo lugar, um ídolo é ali adorado no lugar de Cristo.
Em suma, está cheia de todas as formas de abominação.
(João Calvino, Coment. de I Cor. 11:30).
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