Graça Comum
A resolução da Christian
Reformed Church acerca da Graça Comum1
Numa reunião Sinodal da Christian
Reformed Church (CRC), que começou em 18 de junho de 1924,
em Kalamazoo, no Michigan, após uma longa controvérsia, a
CRC adotou o que veio a ser conhecida como os "Três Pontos
da Graça Comum." Porque alguns ministros dentro da CRC se
recusaram a assinar os "Três Pontos", eles (com a maioria de
seus consistórios) foram suspensos ou deposto dos seus
cargos. Este foi o início das Protestant Reformed Church na
América. Estes ministros, e outros depois deles, escreveram
respostas à decisão que foi tomada. Naquela época, e desde
então, a Protestant Reformed Church tem alertado que estes "Três
Pontos" eram não somente contrário à Escritura e as
Confissões Reformadas, mas também serviu como uma ponte para
o mundo e daria a desculpa para introduzir o mundanismo na
igreja.
Citamos literalmente os três
pontos:
I. O Primeiro Ponto:
"Em relação ao primeiro ponto,
que diz respeito à atitude favorável de Deus para com a
humanidade em geral e não apenas para os eleitos, o Sínodo
declara que é possível afirmar de acordo com a Escritura e
as Confissões que, além da graça salvadora de Deus
apresentado apenas àqueles que são eleitos para a vida
eterna, há também certo favor ou graça de Deus que Ele
mostra às Suas criaturas em geral. Isto é evidente a partir
das passagens bíblicas citadas e dos Cânones de Dordrecht
II: 5 e III- IV: 8,9, que tratam da oferta geral do
Evangelho, ao mesmo tempo que também aparece as citações
feitas a partir de escritores reformados do período mais
florescente da Teologia Reformada que nossos escritores
reformados do passado favoreceram este ponto de vista. (Prova
bíblica: Salmo 145:9; Mt 5:44, 45; Lc 6:35-36; At 14:16-17;
1 Tm 4:10; Rm 2:4 ; Ezequiel 33:11 ; Ezequiel 18:23)”
II. O Segundo Ponto:
"Em relação ao segundo ponto no
que diz respeito à restrição do pecado na vida do homem
individual e na comunidade, o Sínodo declara que há tal
restrição do pecado, segundo as Escrituras e a Confissão.
Isto é evidente a partir das citações das Escrituras e da
Confissão dos Países Baixos, Art. 13 e 36, que ensinam que
Deus pelas operações gerais do Seu Espírito, sem renovar o
coração do homem, restringe os efeitos do pecado, de modo
que a vida humana na sociedade continua a ser possível; e
quanto a isto também é evidente a partir das citações de
escritores reformados do período mais florescente da
Teologia Reformada, que desde os tempos antigos nossos pais
reformados eram da mesma opinião. (Prova bíblica: Sl
81:11-12 ; Gn 6:3; At 7:42; Rm 1:24; Rm 1:26, 28; 2 Ts
2:6-7).”
III. O Terceiro Ponto:
"Em relação ao terceiro ponto, no
que diz respeito à questão da justiça civil realizada pelo
não-regenerado, o Sínodo declara que de acordo com a
Escritura e as Confissões o não-regenerado, embora seja
incapaz de fazer qualquer coisa dita boa, pode fazer o bem
civil. Isto é evidente das citações das Escrituras e dos
Cânones de Dordrecht, III- IV: 4, e da Confissão dos Países
Baixos, Art. 36, que ensinam que Deus, sem renovar o coração,
ainda assim influencia o homem de modo que ele seja capaz de
realizar o bem civil; ao mesmo tempo que isto é evidente das
citações de escritores reformados do período mais
florescente da Teologia Reformada que nossos pais reformados
desde os tempos antigos eram da mesma opinião. (Prova
bíblica: 2 Rs 10:29-30; 2 Rs 12:2; 14:3 ; Lc 6:33; Rm
2:14).”
Graça Incomum
Uma Breve Resposta à Graça Comum
Rev. Robert Harbach
-
Breve resposta ao Primeiro
Ponto da
Graça Comum:
-
No primeiro ponto, a
Christian Reformed Church adotou dois dogmas:
-
O primeiro, podemos
chamar o dogma da
Graça Comum.
Ele ensina
que Deus é gracioso a todos os homens em
derramar sobre eles as coisas deste tempo
presente, como a chuva e sol, e todas as coisas
terrenas. Isto é aquilo que o Sínodo quis dizer
quando falou de uma graça de Deus para "todas as
criaturas."
-
O segundo, podemos chamar o dogma da Graça Universal.
De
acordo com isto, Deus é gracioso na pregação do
evangelho a todos os que ouvem. Isto é o que o
Sínodo quis dizer quando se referiu aos Cânones
II:5 e III-IV:8 e 9, e à "oferta geral" do
Evangelho.
-
Quanto ao dogma da Graça
Comum:
-
As Confissões não
se expressam neste ponto, senão ao atribuírem o
termo "graça comum" aos Arminianos nos Cânones
III-IV:5.
-
Este é um ensino,
no entanto, contrário à Escritura, que
claramente ensina que Deus odeia o perverso
réprobo e que Ele até usa as coisas do tempo
presente para a destruição deles. Veja em Sl
5:5; Sl
11:5; Sl
73:17-20; Sl
92:5-7; Pv
3:33; Ml
1:2-4; Rm
9:13; 1
Pe 3:12.
-
A verdade é que a
graça não está nas coisas. Todas as coisas são
meros meios que Deus usa para a salvação dos
justos (eleitos) enquanto usa-os para a
destruição e danação dos perversos (réprobos).
E, porque os homens também usam estes meios como
criaturas racionais e morais, eles são
responsáveis. As coisas são certamente comuns,
mas a graça nunca é comum.
-
Quanto à teoria da Graça Universal:
-
Isto não é
certamente provado pelas passagens da Confissão
a que o Sínodo de 1924 fez referência. Os
Cânones II:5 ensinam meramente a pregação geral
do evangelho que é particular em seus conteúdos.
Os Cânones III-IV:8 ensinam que o que Deus
proclama no Evangelho é sincero, que é agradável
para Ele que os chamados possam vir a Ele e que
Ele promete vida eterna àqueles que vierem (os
eleitos). Os Cânones III-IV:9 enfatizam que a
culpa de não virem é exclusiva do pecador.
-
Nem é isto provado
pelos textos citados pelo Sínodo. Romanos
2:4 ensina
meramente que os ímpios desprezam a bondade de
Deus que leva ao arrependimento. E, Ezequiel
33:11 ensina
que Deus tem prazer no ímpio
que se arrepende
,
e isso é sempre o eleito.
-
A doutrina que Deus
é gracioso na pregação do Evangelho a todos os
que ouvem a pregação do Evangelho é, no entanto:
-
Contrárias às
Confissões Reformadas as quais francamente
ensinam que Deus é gracioso unicamente para
os eleitos: Veja Cânones 1:6; II:8;
III-IV:10; V:8, e Rejeição de Erros II:6.
-
Contrária à
Escritura: Rm
8:29-30; Rm
9:13; Rm
9:16; 2
Co 2:15-16; Mc
4:11-12; Mt
11:25-26; Jo
12:39-40.
-
Breve Resposta ao Segundo Ponto da
Graça Comum:
-
O significado do
Segundo Ponto:
-
O segundo ponto de 1924 não ensina que Deus detém o pecador em
Seu poder, de modo que ele não pode fazer nada
contra a vontade e providência de Deus. Isto é
claramente ensinado na Bíblia e na Confissão
Belga, Art. 13.
-
Mas o Segundo ponto ensina:
-
Que há uma operação graciosa do Espírito Santo
que não é regeneradora do coração e mente e
vontade do pecador.
-
Que esta operação começou imediatamente após a queda
e continua através de toda a história.
-
Que como resultado há no homem um resquício da sua
bondade original. De modo que ele não é tão
depravado como seria sem esta operação.
-
Que, por causa desta operação, o homem natural é capaz de
viver uma vida relativamente boa nesta vida,
e fazer o bem na esfera do mundo.
-
Objeção ao Segundo Ponto:
-
A prova apresentada pelo Sínodo para este ponto não confere:
-
Da Escritura o Sínodo cita as seguintes passagens: Gn
6:3; Sl
81:11-12; At
7:42; Rm
1:24, 26, 28; 2
Ts 2:6-7; quanto a estas passagens nós notamos:
-
Somente uma delas fala do Espírito Santo,
nomeadamente, Gn
6:3.
No entanto, o texto não fala de uma
restrição pelo Espírito, mas de uma
contenção. Isto teve lugar através da
Palavra de Deus pelos profetas.
-
Nenhuma delas fala de uma restrição do pecado.
-
Três delas
falam precisamente o oposto de
restrição, nomeadamente de uma entrega
ao pecado pela ira de Deus. Veja: Sl
81:11-12; Rm
1:24, 26, 28; At
7:42.
-
Em 2 Ts 2:6-7 não se refere ao Espírito Santo como fica
evidente a partir do próprio texto.
-
Quanto às provas advindas das Confissões:
-
Confissão Belga, Art. 13, não fala de uma
influência do Espírito Santo, mas do
poder providente de Deus; nem de uma
restrição interna do pecado, mas a
restrição de pecadores e demônios.
-
Art. 36 não fala de uma influência do Espírito, mas
do poder da policia ou da magistratura.
-
O Segundo Ponto em si mesmo é contrário à Escritura e Confissões:
-
À Escritura:
-
Ele postula um resquício do bem no homem natural,
que é contrário a todas as passagens do
Texto Sagrado que fala da depravação do
homem natural. Para isto, veja a
discussão sob o Ponto III.
-
A Escritura ensina diretamente o oposto do conteúdo
principal do Ponto II quando declara que
Deus entrega os homens até a maior
corrupção pela Sua ira. Veja: Rm
1:24-28; Sl
51:5.
-
Às Confissões: Cânones III-IV:4 fala de "resquícios de luz
natural." Estes resquícios não são devido a
uma operação da Graça Comum. Mesmo com estes
resquícios, no entanto, o homem natural é
totalmente depravado e incapaz de fazer
qualquer bem mesmo nas coisas naturais e
civis.
-
Breve Resposta ao Terceiro
Ponto:
-
O significado do terceiro ponto:
-
O significado do terceiro ponto de 1924 não é:
-
Que o homem natural através dos resquícios da luz
natural que sobram em si após a queda é
capaz de distinguir entre o bem e o mal, tem
algum conhecimento de Deus e das coisas
naturais.
-
Que o homem natural é capaz de ver que a lei de Deus é
boa para si, e que, portanto, há de sua
parte uma tentativa de viver em conformidade
exterior com essa lei.
-
Que o terceiro ponto não pretende expressar isto é evidente
a partir de:
-
O fato de que os ministros depostos ensinavam
precisamente isto antes de 1924. Foi
esta visão que o Sínodo condenou.
-
O fato de que nenhuma influência especial da graça
de Deus é necessária para explicar estas
coisas no homem natural. As Confissões
explicam-nas como resquícios da luz
natural. O Sínodo, por outro lado, fala
de uma influência de Deus no homem
natural, pela qual ele é capaz de fazer
justiça civil.
-
A evidente relação entre os Pontos II e III.
-
Mas o Terceiro Ponto ensina:
-
Que existe uma influência de Deus, do Espírito Santo, na
mente e vontade do homem natural, que não é
regeneradora, mas torna-o melhor.
-
Que por causa desta influência, ela é capaz de viver uma
vida relativamente boa neste mundo, e as
suas obras nem sempre são pecaminosas
perante Deus.
-
Objeções ao Terceiro Ponto:
-
É contrário às Confissões Reformadas:
-
A prova nas confissões a que o Sínodo se refere não
confere:
-
Cânones III-IV:4:
-
Fala de um resquício da luz natural e não de
uma influência de Deus no homem
natural.
-
Enfatiza que até mesmo as coisas
naturais e civis o homem natural
completamente poluí esta luz natural
e a detém em injustiça.
-
Confissão Belga, Art. 36:
-
Não fala de nenhum bem que o homem
natural pode fazer, mas de uma boa
ordem e decência que Deus estabelece
entre os homens.
-
Nem ela se refere a uma influência de Deus
no homem natural, mas ao poder dos
magistrados.
-
Para prova das confissões em contrário, veja: Catecismo de
Heidelberg, L.D. (Dia do Senhor) III,
Pergunta 8; L.D. (Dia do Senhor) 33,
Pergunta 91; Confissão Belga, Art. 14;
Cânones III-IV:1-4.
-
É contrário à Escritura:
-
O Sínodo tentou sustentar o Terceiro Ponto pelas seguintes
passagens:
-
2 Reis 10:29-30.
(Mas Jeú viu no mandamento de Deus uma
forma de satisfazer a sua própria
ambição, e muito bem executa a ordem –
mas se torna culpado de sangue ao fazer
isso, e não se aparta dos caminhos de
Jeroboão (veja Os 1).
-
2 Reis 12:2 e
14:3. (No máximo, os exemplos de Joás e
Amazias provam uma tentativa de viver
uma vida em conformidade externa com a
lei. No caso de Joás isso foi debaixo da
influência de um sacerdote piedoso).
-
Lucas 6:33.
(uma prova que os pecadores não fazem o
bem e não têm galardão.)
-
Romanos 2:14.
(A obra da lei nos corações dos
gentios –não a lei em si mesma.)
-
Para prova em
contrário, isto é, para prova positiva da
Escritura que os não regenerados não
podem fazer o bem, veja: Sl
14:1-3; Mt
7:16-20; Rm
1:28- 32;
e Rm
3:9-18.
1
Rev. Robert Harbach, A Brief Reply to Common Grace.
Tradução de Nuno Pinheiro e revisado por Ewerton B. Tokashiki.
Extraído de
http://www.cprf.co.uk/languages/portuguese_commongracereply.htm em 8 de Março de 2014.
Para material Reformado adicional em Português, por favor, clique aqui.