Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Mesmo a palavra inferno, aparecendo sozinha como no título dessa seção, tem um som terrificante e nos faz tremer. Não é de maravilhar que muitos hoje não querem falar sobre isso.
Como a divindade de Cristo, a Trindade e a expiação, o inferno é uma doutrina bíblica que tem sido sempre atacada na igreja do Novo Testamento. Esse ataque continua hoje. Ele vem não somente daqueles que são "modernos" e "liberais" em seu ensino. Mesmo o movimento evangélico hoje tem nele aqueles que atacam este ensino.
A New Internacional Version (NIV) da Bíblia ilustra isso, visto que ela é excessivamente um produto do movimento evangélico. Ela baniu a palavra inferno inteiramente do Antigo Testamento.2 E dez das vinte e duas vezes em que a palavra inferno aparece na KJV, a NIV traduziu-a novamente.
O banimento da palavra do Antigo Testamento pela NIV é significante. Isso não pode ser outra coisa senão uma concessão por parte dos tradutores à idéia que as pessoas no Antigo Testamento não sabiam realmente sobre o inferno, mas criam somente num lugar dos mortos para o qual todos iam, justos e ímpios.
Deixar a palavra inferno de fora do Antigo Testamento é uma péssima tradução. Há lugares no AT onde Sheol, a palavra usualmente traduzida como "inferno" na KJV,3 deve ser traduzida como "inferno." Deuteronômio 32:22 e Jó 26:6 são bons exemplos. Também Salmos 16:10, que é citado no Novo Testamento, deve ser assim traduzido, visto que no Novo Testamento (Atos 2:27, 31) Sheol é substituída pela palavra Hades, a palavra grega para "inferno."
A despeito de quão desagradável seja, a palavra inferno não pode ser banida de nossas Bíblias, doutrina e pensamento. Ela é primordial para a pregação do evangelho. Sem a doutrina do inferno, o mandamento do evangelho para que as pessoas se arrependam ou pereçam perde toda a sua urgência. Mesmo o ensino da "imortalidade condicional" (punição por um tempo, e então aniquilação), que é sustentada por alguns evangélicos, afasta-se impropriamente da verdade que devemos perecer se não nos arrependermos, pois ela nega que o impenitente sofrerá a ira de Deus eternamente.
O que é mais importante, essa terrível palavra inferno está inseparavelmente conectada com o temor de Deus. "E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo" (Mt. 10:28). Se apenas os homens cressem no inferno hoje, talvez houvesse mais temor a Deus no mundo e na igreja. Ele está tristemente ausente na maioria dos círculos, embora "o temor do SENHOR [seja] o princípio da sabedoria" (Pv. 9:10).
Fonte: Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 325-326.
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